quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Ainda as Presidenciais Americanas...

Esta noite teve lugar mais um debate entre os candidatos democratas (neste momento, apenas restam a Hil e o Obama), o qual decorreu na Califórnia.

O debate foi (quase inesperadamente) suave e civilizado entre ambos - quem diria que comentários de cariz racista estavam na ordem do dia entre ambas as campanhas.

Ambos agiram como velhos companheiros de guerra, referiram que a amizade que tinham antes permaneceria intacta mesmo após as eleições, garantiram estar a ter um verdadeiro "nice time" com esta campanha e afirmaram veementemente que, independentemente do candidato que for nomeado no fim, o partido estará unido em torno desse mesmo candidato contra os republicanos.

Quererá isto significar que as baterias de ambos já estão apontadas contra os republicanos, e não um contra o outro...?

Dificilmente isso acontecerá tão cedo, na minha opinião...

De facto, por um lado os resultados de ambos são bastante semelhantes e, por isso, tudo está em aberto; por outro lado, é expectável que a Hil ganhe vantagem na maioria dos 22 Estados que vão votar em primárias na próxima 3f, nomeadamente na Califórnia, (by the way, o "I'll be back" guy que governa a Califórnia já manifestou o seu apoio a McCain), pelo que, na minha opinião, dificilmente o Obama poderá manter este pacto de "não-agressão", em vez de partir para a luta...

Este fds, no entanto, a América tira folga da política, porque as atenções vão estar todas concentradas na Super Bowl, o derradeiro jogo da season do futebol americano.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Estado da Nação

Por último...

Uma palavrinha para vos dizer que o Sr. Bush fez o seu último discurso do Estado da Nação no início da semana (impossível não ter notado tal coisa, porque estavam inúmeros canais de televisão em directo a transmitir o dito), o qual se centrou, aparentemente, em 2 temas fulcrais:

- O pacote de medidas proposto para travar a recessão da economia americana, o qual inclui inúmeros cortes nos impostos (parece que também me vai beneficiar a mim, imaginem...); e,

- A guerra no Iraque, tema que ocupou significativa parte do discurso e em que, segundo ouvi comentar, o Presidente adiantou alguns números (de tropas americanas) pela primeira vez.

Claro que o discurso estava a ser tão entediante que só o consegui ouvir durante uns 10 minutos... (durou mais de 1h, by the way).

E do lado dos Democratas...

Do lado dos democratas, a figura proeminente não é a Hil nem o Obama, mas o Sr. Bill Clinton (cada vez mais...).

De facto, o Bill, nas últimas semanas, tem feito campanha acérrima pela sua companheira de vida, inclusive em locais por onde ela nem passou (o cansaço da campanha provocou, inclusive, aquele momento humorístico do mês nas comemorações do Martin Luther King Day).

O facto do Bill ter um papel tão activo tem, obviamente, inúmeras vantagens para a campanha da Hil, nomeadamente desde que ele tem assumido o papel de crítico "aberto" do Obama.

No entanto, também tem as suas desvantagens...

Alguns democratas já vieram, inclusive, a público criticar o seu comportamento "excessivo" (Ted Kennedy, o patriarca da "família real" americana, foi um deles, e esta semana decidiu dar o seu apoio público a Obama, comparando-o com o lendário JFK).

No entanto, mais do que tudo isso, é a própria imagem da Hil, feminista e mulher independente, que mais tem a perder no meio disto tudo.

Fica a impressão, segundo alguns, que quando as coisas se tornam "duras", a Hil corre a pedir auxílio ao marido... E que, de repende, passa a ser "apenas" (e novamente) a Sra. Clinton.

Ou que a mudança que a sua campanha tanto apregoa mais não é do que o reviver dos tempos Clinton na presidência, sem trazer a vaga de mudança que ela tenta apregoar.

Para já não falar daqueles que temem a "intromissão" excessiva na Casa Branca de um ex-presidente que, muito provavelmente, não aceitará ficar apenas na sombra da sua mulher, e que, na sua qualidade de ex-presidente, tem, por si só, acesso privilegiado a informação de carácter confidencial.

Seja como for, a candidatura da Sra. Clinton está bem lançada e, apesar de nada estar certo por agora, é expectável que o seu resultado nas várias primárias que ocorrerão na próxima 3ª f possa reforçar e confirmar a sua liderança.

John McCain

Algumas curiosidades que li recentemente sobre o candidato republicano mais bem colocado na corrida à presidência americana:

John McCain vem de família respeitável ligada desde sempre à Marinha e à política e é o tradicional herói de guerra.

Foi piloto na guerra do Vietname, o seu avião foi abatido em 1967, partiu os 2 braços e 1 perna, foi capturado, feito prisioneiro de guerra durante 5 anos e meio (quase sempre confinado à solitária, dada a sua "difícil" personalidade) e torturado.

Diz-se que se recusou a ser libertado enquanto os seus companheiros permanecessem em cativeiro, mas mais tarde também admitiu ter "oferecido" informação privilegiada de natureza militar aos seus raptores em troca de especiais cuidados médicos - parece, aliás, que quando o inimigo descobriu que o "McCain pai" era o Comandante de todas as tropas americanas na Europa e prestes a tornar-se Comandante das tropas americanas no Pacífico, incluindo o Vietname, McCain foi de imediato transportado para um hospital militar comunista, onde recebeu tratamento não disponível a prisioneiros de guerra americanos.

O tempo passado em cativeiro branqueou-lhe por completo o cabelo. Os ferimentos decorrentes da guerra não lhe permitem, até hoje, levantar as suas mãos acima de uma determinada altura.

Divorciou-se da mulher que "esteve ao seu lado" durante o tempo que foi prisioneiro de guerra após um acidente que a deixou incapacitada.

Casou novamente com uma senhora mais nova e herdeira de uma grande fortuna, que entretanto foi acusada de roubar analgésicos, durante 2 anos, a uma organização sem fins lucrativos de que era presidente. A senhora McCain acabou por ter de vir a público admitir a sua dependência a analgésicos (durante algum tempo, chegava a ingerir 15 a 20 comprimidos por dia).

McCain é visto como uma pessoa de carácter, capaz de tomar decisões duras, se necessário, sem fugir à luta.

O seu mais recente escândalo envolveu a adopção de um bebé de 2 anos proveniente do Bangladesh. Vários boatos circularam em 2000 a propósito deste tema - dizendo, inclusive, que a criança em causa era fruto de uma relação extraconjugal da sua mulher - aquando da sua anterior candidatura à presidência (na altura, contra o sr. Bush) e que, então, aniquilaram por completo as suas aspirações políticas.

Vamos ver qual será o resultado, desta vez. Para já, John McCain é o mais que provável candidato republicano às eleições de Novembro e é visto como o candidato que mais condições tem para defrontar o candidato democrata, seja ele qual for.
Nota do Dia

Ontem foi, aparentemente, o dia com maior amplitude térmica dos últimos 25 anos em Chicago... os termómetros registaram uma temperatura máxima de 48º (positivos) e uma temperatura mínima de 2º (negativos)...

Enfim, "apenas" 50º de diferença...

Flórida

Ontem à noite assistimos às primárias na Flórida - do lado dos democratas ganhou a senhora Clinton e do lado dos republicanos ganhou o experiente McCain.

Estas primárias tiveram , no entanto, o seu quê de originalidade, por 2 motivos essenciais:

- Os democratas alteraram as regras do jogo (como se o sistema político americano fosse, só por si, fácil de entender!) e não havia delegados para atribuir, pelo que, de uma forma geral, nem campanha a sério foi feita pelos respectivos candidatos - não deixa, no entanto, de ser uma vitória expressiva da Hil, que a equipa do Obama tenta, agora, menosprezar ao máximo (John Edwards, o outro candidato, decidiu entretanto desistir da corrida);

- Do lado dos republicanos, grandes expectativas estavam centradas no resultado que poderia ter Rudy Guiliani, que esteve (apenas) na Flórida a fazer campanha durante os últimos meses (provavelmente alguns ainda terão presente o papel preponderante que este Estado teve nas últimas eleições presidenciais, garantindo o lugar ao Sr. Bush) - o resultado foi, no entanto, tão desanimador, que Giuliani decidiu, sem mais, afastar-se da corrida e ainda hoje vai oficialmente dar o seu apoio a McCain.

Ponto de situação: neste momento, os republicanos estão praticamente decididos quanto ao seu candidato - John McCain - ainda que Mitt Romney ainda esteja na corrida; do lado dos democratas, tudo permanece em aberto entre a Hil e o Obama.

Na próxima semana decorrerão primárias em vários Estados ao mesmo tempo (a famosa Super Tuesday) e vamos ver como as coisas evoluem... Aqui em Chicago já começaram os tempos de antena do Obama (que é um "filho da cidade").

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Língua Americana... (2ª versão)

Depois de ter sido convencida a ficar por cá mais uns tempos (pronto, confesso, não foi difícil...), decidi partilhar convosco algumas das descobertas linguísticas dos últimos tempos.

Já se sabe que os States são diferentes do resto do mundo em quase tudo (bom, não conduzem os carros do lado errado da estrada, mas tirando isso...), e sobre isso tenho uma lista imensa de coisas para escrever um post um destes dias, mas também as expressões que eles usam por cá têm, por vezes, um significado diferente do "inglês europeu" (obviamente nem falo da questão da pronúncia ou da acentuação das palavras...).

Por isso, os americanos vão ao "movies" e os ingleses vão ao "cinema".

Por outro lado, um feriado americano é um "holiday", mas quando se vai de férias está-se em "vacations"; já os ingleses usam a expressão "holiday" indistintamente para uma e outra realidade.

E claro, não me podia esquecer (mas pelos vistos esqueci...) da famosa diferença entre "check, please" (nos States) e "bring me the bill".

Ou das "pants" americanas (calças), que no Reino Unido passam a "trousers" (porque pants refere-se a roupa interior).

É sempre bom saber estas coisas...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

De regresso...

Escrevo este post para vos dizer que decidi regressar a casa e dar por concluída esta experiência americana...

E tenho a certeza que me percebem, se vos disser que esta manhã liguei a televisão e estavam 20 graus negativos (a chegar aos 30, com o vento)...

Fiquei uns 5 minutos em frente à tv sem saber se devia tirar para fora do armário todas as camisolas e casacos e vesti-los ao mesmo tempo, uns por cima dos outros, ou se devia simplesmente ligar para o escritório e pedir a demissão com efeitos imediatos (e ficar trancada em casa até que as temperaturas voltem ao seu "normal"...).

Pensando bem, se calhar já devia estar habituada... Afinal, esta semana temos tido temperaturas entre os 10 e os 20 graus negativos, dia e noite...

Mas ter temperaturas negativas (na escala fahrenheit) às 8h da manhã, acho que ainda não me tinha acontecido... (recordo que o zero da escala fareinheit corresponde algures aos nossos 16 graus negativos).

É nestas alturas que adoro (ainda mais) o facto de ter um supermercado no prédio e de estar a menos de 10 minutos de táxi do escritório (sim, porque com estas temperaturas, obviamente não dá para andar uns quantos quarteirões e ficar à espera do autocarro...).

Curiosamente, têm estado uns lindos dias de sol, por vezes fustigados por alguma (não muito significativa) neve, e as pessoas fazem a sua vida absolutamente normal.

Ainda no sábado à noite (que foi o início desta vaga de frio) passei de táxi, por volta da meia-noite, em frente a um bar, e estava uma jovem de sandálias e vestido de "cerimónia", curtíssimo e de alças (sem qualquer casaco ou sequer cachecol), na rua, a falar ao telemóvel, com uma temperatura a rondar os 15 graus negativos (sem contar com o vento)... Enfim, fico arrepiada só de ver esta gente maluca!

E eu para aqui a tentar sobreviver ao inverno rigoroso de Chicago, com 3 casacos vestidos uns sobre os outros, cachecol e luvas, chapéu e capuz e protecções para as orelhas...

Hoje até trouxe almoço, imaginem, para comer no escritório (primeiríssima vez em toda a minha vida!), porque achei que nem pensar que ia sair do edifício com estas temperaturas!

Enfim... alguém me quer vir visitar...? :-)

PS - Já sei, já sei, lá estou eu a falar do tempo outra vez...

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Chicago History Museum

Chicago tem uma história riquíssima, cheia de eventos interessantes, que eu tive oportunidade de explorar um pouco mais este fds prolongado.

Que Chicago é a cidade do jazz e dos blues, já ninguém duvida (e quem não sabia isso antes, já percebeu pelos meus posts, espero...).

Aparentemente, Chicago teve um papel preponderante também noutros campos, desde a medicina, com a pesquisa que levou à descoberta da pílula anti-conceptiva, à arquitectura, já que Frank Lloyd Wright está por toda a parte, ao design - parece que a escola de Bauhaus em peso se mudou para o Instituto de Design de Chicago após ter sido fechada pelos nazis, à cultura, com a abertura do 1º clube da Playboy (o famoso Hugh Hefner é um nativo de Chicago... quem diria?), à moda, com o conceito de "modern retail" a desenvolver-se por estas bandas, nomeadamente através dos famosos armazéns Marshall Field (hoje em dia propriedade do grupo Macy's), à inovação, com a famosa "nuclear chain reaction" (que depois permitiu criar a bomba atómica...), aos gangs, com Al Capone e a sua trupe...

Por último, uma curiosidade... a cidade de Chicago foi parcialmente (e severamente) destruída por um incêndio de grandes proporções que começou no dia 8 de Outubro de 1871, e que esteve activo durante 36 horas, matando centenas de habitantes e obrigando grande parte da população a fugir para escapar ao fogo, deixando para trás tudo o que tinham.

A cidade foi reconstruída em menos de 1 ano, facto de que os chicaguenses se orgulham muito, e de onde, segundo uma determinada teoria, vem um dos cognomes por que é conhecida: The Second City, ou seja, a cidade que foi construída 2 vezes (a teoria concorrente desta afirma que o nome em causa advém do facto de Chicago ter sido, durante muito tempo, a 2ª cidade mais importante dos EUA, logo a seguir a NY).

Seja como for, o que vos queria contar é que, ainda que nada tenha ficado provado, os chicaguenses atribuem a culpa do fogo à vaca (o animal, entenda-se) da senhora Catherine O'Leary, uma pobre imigrante irlandesa que vivia em Chicago com o seu marido e que mugia as suas vacas para viver dos rendimentos da venda do leite.

Ninguém sabe exactamente explicar o fenómeno, mas a referida vaca funcionou como bode expiatório do grande incêndio... e de tal forma a história teve importância, que em 1997 (sim, sim, só há uns 10 anitos...) a cidade decidiu, finalmente, aprovar uma moção formal de absolvição da vaca e da dona de qualquer culpa relacionada com o incêndio!!!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Martin Luther King Jr. Day

Martin Luther King Jr. nasceu a 15 de Janeiro de 1929 e foi assassinado a 4 de Abril de 1968.

Dedicou a sua vida à defesa dos direitos civis da comunidade negra e, em reconhecimento pelo seu papel na história da América, a terceira 2 f de Janeiro (este ano, o dia de hoje, precisamente) é-lhe dedicada.

Aproveitando o facto do escritório estar fechado, decidi ir assistir a alguns dos eventos oficiais de comemoração do dia em causa e, já agora, aprender um pouco mais de história americana. Assim, esta tarde fui conhecer o Chicago History Museum, que tinha um programa especialmente concebido para homenagear o Dr. King (como é por aqui "carinhosamente" tratado).

Comecei por assistir a um concerto magnífico do Chicago Chamber Choir - música ora tradicional "de igreja" ora mais gospel, por vezes entrecruzada com pequenos textos sobre o "pastor" Dr. King (Dr. King era "minister" da Igreja Baptista em Montgomery).

De seguida, 2 actores protagonizaram uma recriação de uma conversa imaginária entre Dr. King e Malcolm X (aquele defendendo a sua visão de luta não violenta, este mais a favor de uma luta revolucionária) e, por fim, uma recriação do seu famoso "I have a dream..." discurso, que quase levou a audiência às lágrimas, de comoção.

Foram umas horas muito bem passadas, devo dizer!

Aproveitei, ainda, para ver o museu propriamente dito, mas isso merece um post à parte...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

MOMA - NY


Nota do dia

E assim chega ao fim um "ciclo chicaguense"...

... Com a partida dos outros 2 representantes da língua portuguesa neste escritório.

A partir de agora, acabaram-se os comentários no corredor, as piadas e os almoços em português.

Já tenho saudades deles... :-(

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Cake Day

E falando de dias especiais da empresa... não posso deixar de referir o Cake Day!

Cake Day é o dia em que, em cada 2 meses, a empresa decide presentear-nos com fatias de bolos, por conta dos aniversários havidos naquele período (existem sempre pelo menos 2 variedades de bolos, sempre com uma camada imensa de açúcar por cima e um ar muito artificial, excepto quando temos a sorte de ter bolo de chocolate).

Curiosamente, da lista de aniversários que é enviada por e-mail a cada 2 meses constam, não só os anos dos "colaboradores" da empresa (ontem tivémos Cake Day por conta dos aniversariantes de Janeiro e Fevereiro), mas também os "aniversários de empresa" (por conta das pessoas que, em anos anteriores, entraram na empresa nesses tais meses). Não deixa de ser original...

Imaginem a minha surpresa a primeira vez que olhei para a lista e estavam lá vários nomes a dizer "um ano", "cinco anos", e por aí fora, que eu, inicialmente, até cheguei a pensar, por breves instantes, que fossem os filhos dos sócios...

Ah, e parece que é uma "tradição" do nosso escritório de Chicago (ontem descobri que o escritório de NY não tem isso... eheheheh).
Jeans Day

Não sei se já vos falei do Jeans Day na minha empresa.

Uma vez por mês, normalmente na última sexta-feira do mês (só para chatear, este mês vai ser uma excepção à regra...), "celebra-se" o Jeans Day que, como o próprio nome indica, é o dia em que se podem usar jeans no escritório.

Claro que se o evento em si consistisse apenas nisto, nada tinha de verdadeiramente inovador ou extraordinário, e só pecava por não ser mais assíduo.

Por isso, importa referir que o dia em causa tem um efeito benemérito que lhe dá um novo encanto: nesse dia, quem quiser pode directamente contribuir (de forma simbólica) com 5$ para uma determinada instituição (acho que eles escolhem uma diferente cada mês) em locais específicos da empresa, nomeadamente na própria recepção.

O mais interessante é que isto não quer dizer que toda a gente tenha que vir de jeans nesse dia (ainda que, por norma, as pessoas tendam a aproveitar a oportunidade para usar um dress code diferente), e muito menos implica que quem venha de jeans tenha, obrigatoriamente, de contribuir para a causa escolhida.

Aliás, vergonhosamente, tenho de admitir que ainda nem cheguei a contribuir (espero que amanhã se possa quebrar o enguiço), apesar de amanhã ser o meu 3º Jeans Day nesta empresa...

Mas tenho boas desculpas... da 1ª vez nem me cheguei a aperceber do objectivo do dia (limitei-me a ler as 1ªs linhas do e-mail e fiquei tão radiante com a casual friday que nem liguei ao resto), e da 2ª vez saí bastante mais cedo do escritório (aquela 6ªf antes do fds de Natal) e nem me lembrei de mais nada!

Por isso, amanhã quero ver se me redimo.
Feriados Americanos

Na próxima semana teremos o 1º feriado do ano, Martin Luther King Jr. Day, e, consequentemente, o 1º fds prolongado do ano (para alguns, como vão entretanto perceber).

A sociedade americana tem uma relação muito especial com os feriados.

De facto, os feriados são mais que muitos, como se costuma dizer, mas por cá cada empresa decide quais os feriados que pretende celebrar (ou seja, quais os dias em que fecha), pelo que nem toda a gente "tem" os mesmos feriados.

Por isso, quando alguém vos disser que dia "x" é um feriado americano, já sabem que a realidade não é a mesma para todos...

Entretanto também descobri que os feriados americanos foram "evoluindo" por forma a tornarem-se politicamente mais correctos, pelo que, por exemplo, já não se festeja o Columbus' Day e , por outro lado, celebra-se o Presidents' Day, numa tentativa de abarcar todos os Presidentes e não apenas aqueles mais famosos e historicamente influentes que, aliás, já tinham direito a um dia em sua homenagem.

PS - Claro que a Embaixada dos EUA em Lisboa festeja, provavelmente, todos os feriados possíveis - americanos e portugueses - mas já se sabe que a diplomacia é um mundo à parte...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Rotina

Por cá as coisas retomam o seu ritmo normal...

- Este fim de tarde (a começar lá para as 5h) free drinks and food no restaurante aqui do nosso edifício (do escritório); vou ter de adiar a minha massagem para amanhã...

- Ontem à noite cinema;

- No dia anterior aproveitei a noite para retomar as leituras (já não pegava no meu livro desde antes do Natal, imaginem...);

- Domingo passei o dia em casa entre limpezas, lavagem de roupa e tv (eu nem era muito adepta de tv, mas aqui está sempre a dar qualquer coisa de jeito, e ao fds passam imensos filmes giros);

- Sábado passei o dia nas compras e à noite fui jantar a uma Crêperie óptima (supostamente da Argélia) e depois fui ao mais famoso bar de jazz de Chicago, dos tempos do Al Capone;

- Sexta à noite fui sair com os amigos do costume - a noite começou num típico bar de jogos (setas, bilhar, ecrã gigante) e acabou numas "catacumbas" de hip-hop...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Caucus do Iowa e Primárias de New Hampshire

O caucus do Iowa colocou a Hilary Clinton num inesperado 3º lugar (do lado dos democratas) e Rudy Giulani num ainda mais inesperado (para mim) 5º lugar (do lado dos republicanos) e permitiu ampliar de forma surpreendente o efeito Barack Obama (terá sido pelo apoio público da Oprah?).

Esta semana, em New Hampshire, a senhora Clinton mostrou a sua garra (diz-se que foi desde que mostrou as suas emoções em público e desde que o marido tomou uma posição mais aguerrida contra Obama) e garantiu o 1º lugar (bastante renhido e, inclusive, contra as sondagens tornadas públicas). John McCain ganhou do lado dos republicanos, e fartou-se de repetir que "New Hampshire escolheu, uma vez mais, o próximo Presidente da América".

Estas eleições estão, para já, a ter o efeito surpreendente de pôr a população jovem a registar-se para votar - vamos ver o que isso representará efectivamente, mas os jovens têm sido vistos como maioritariamente apoiantes de Obama.

A próxima batalha joga-se em South Carolina, nas primárias de 26 de Janeiro. Será interessante ver o efeito John Edwards (o 3º democrata com mais visibilidade nesta corrida), já que este Estado o elegeu no passado como Senador.

Por esta altura, nada está perdido para nenhum dos candidatos ainda em jogo (2 candidatos praticamente sem expressão desistiram da corrida logo a seguir a Iowa, e provavelmente mais alguém desistiu já entretanto), e o futuro da nação mais importante do planeta continua em aberto...

PS - Surpreendemente, fala-se muito pouco de política no dia-a-dia.
Caucus vs Primárias - As eleições presidenciais em destaque

Este mês iniciou-se, com o caucus do Iowa, uma nova fase na corrida às presidenciais americanas, pelo que já se impunha um post sobre o tema.

Nas próximas semanas iremos assistir a uma lista interminável de caucus e primárias pelo país fora, com o objectivo último de decidir qual o candidato (republicano e democrata) melhor classificado para discutir a próxima eleição presidencial, pelo que fui tentar perceber a diferença entre estas duas figuras.

Os americanos parecem pouco informados sobre o sistema político que têm, e cada um tem a sua teoria (e muitas dúvidas) sobre as figuras em causa (aliás, algumas das pessoas com quem falei acham, inclusivé, que nem existe qualquer distinção entre caucus e primárias).

Ambos são "simulações de eleições" em que, em cada Estado, os respectivos eleitores são chamados a pronunciar-se sobre os vários candidatos à presidência. No final, apura-se o vencedor de cada um dos partidos através dos votos que este conseguiu nos caucus e primárias, os quais têm maior ou menor representatividade no cômputo dos votos finais consoante a importância (territorial, populacional, política) dos Estados em causa.

Diz-se que um caucus é uma reunião partidária informal que, por norma, apenas expressa a opinião de pessoas filiadas nos respectivos partidos políticos, pelo que alguns não querem reconhecer os seus resultados como totalmente representativos da realidade;

Diz-se que primárias são uma expressão mais formal, que envolve filiados e independentes (falou-se muito do papel dos independentes nas primárias de New Hampshire) e que permite leituras políticas mais significativas, nomeadamente por os seus resultados serem, em teoria, de carácter "vinculativo" para o futuro.

Há critérios distintivos para todos os gostos: os resultados do caucus não são vinculativos, ao contrário do que acontece nas primárias; nos caucus apenas interessa o vencedor de cada partido ("the winner takes it all"), enquanto que nas primárias os vários candidatos aparecem listados por percentagens de votos obtidos; os independentes apenas expressam os seus votos (pelo menos de forma significativa) nas primárias...

Verdade, verdade, é que o Iowa teve um caucus e não vai ter primárias, e nem por isso deixa de estar a ser igualado, nos media, às primárias de New Hampshire, por isso dificilmente se poderá negar representatividade aos seus resultados.

Uns e outros vão tendo, como efeito colateral, a desistência de alguns dos candidatos menos fortes, que entretanto vão endereçando o seu apoio aos restantes candidatos que permanecem, pelo que de caucus em causus e de primária em primária a lista de candidatos vai significativamente diminuindo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O dia em o senhor Bush veio à cidade...

Foi também o dia em que estivémos sob a ameaça de um tornado.

Mr. Bush teve os seus 2 minutos de fama nos telejornais por ter ido a uma escola abrangida por um qualquer programa educacional patrocinado pelas suas políticas; o tornado ocupou grande parte do resto da noite (e ainda dura hoje, nos telejornais...).

By the way... tivémos fortes ventos, chuva, trovoada, mas nada de tornado propriamente dito, se bem que outras zonas foram fortemente atingidas.

E foi ainda o dia dos Critic's Choice Awards (antecedendo os Óscares).

PS - Os Golden Globes, por sua vez, foram entretanto cancelados em resultado da greve dos argumentistas, que já dura há 9 semanas e não tem fim à vista...

A primeira vez

A primeira vez custa sempre mais, diz-se, enquanto não se apanha o jeito e se ganha "calo". Pois bem, esta primeira semana do ano teve o seu quê de primeira(s) experiência(s) e fez jus ao ditado.

Pela primeira vez enfrentei o famoso (não pelas melhores razões, certamente) sistema de saúde americano e percebi como estar doente nos States é um acto de coragem!

Primeira dificuldade - ter um seguro de saúde disponível a todo o tempo (para não ligar para uma linha de atendimento 24/7 e descobrir que durante o fds o sistema está em baixo para actualização e que, por isso, não podem fornecer informações sobre o que está coberto pelo plano que eu escolhi quando cá cheguei, quando obviamente não me passava pela cabeça ficar doente);

Segunda dificuldade - perceber que tipo de assistência solicitar (hospital, centro de saúde, clínicas privadas), especialmente quando não se sabe o que está coberto pelo seguro;

Terceira dificuldade - tentar retirar alguma utilidade da quase-nula informação que consegui reunir após algumas chamadas - felizmente eu não estava propriamente a morrer e pude esperar pela manhã seguinte, já que o suposto centro de saúde/urgência afinal só funciona durante a semana;

Quarta dificuldade - entrar em contacto com a linha telefónica de enfermagem que funciona 24/7 para perguntar se eles têm serviços médicos ao domicílio e descobrir que o outro lado da linha está noutro Estado americano, a muitas e muitas horas de Chicago (já parece a linha de atendimento da DT na Índia...);

Quinta dificuldade - ligar para a linha de atendimento do seguro de saúde logo pela manhã (na 2f) antes de ir ao médico (só) para confirmar que o centro de saúde em causa estava incluído na lista de prestadores e descobrir que o meu contrato de seguro caducou no final de Dez... Entrar em pânico! Pensar nas poupanças que não cheguei a fazer! Fazer contas por alto para tentar perceber se estou assim tão doente que valha a pena endividar-me para o resto da vida!

Sexta dificuldade - tentar perceber o que se passa junto dos Recursos Humanos da minha entidade empregadora: quem contactar às 7h30 da manhã de 2f?!

Sétima dificuldade - Bem, não podiam ser só dificuldades, por isso vejam lá a sorte de saber apenas o nome e o contacto de uma pessoa nos RH e efectivamente conseguir entrar em contacto com ela àquela hora (ajuda o facto de não estarmos sob o mesmo fuso horário, eu sei...), que me confirmou não haver razão para eu não estar coberta pelo seguro de saúde;

Oitava dificuldade - conseguir pôr em contacto (telefónico) todas as partes envolvidas neste suposto processo - eu, a minha empresa e os tipos do seguro de saúde - para descobrirmos, finalmente, que estou coberta por um novo contrato desde o início deste ano, porque entretanto já recebi o número de segurança social americano e deixei de ser "provisória" (nunca me tinha apercebido desta condição de provisória...);

Nova dificuldade - chegar ao centro de saúde e preencher o longo questionário (de carácter pessoal e médico) que nos fornecem a propósito de qualquer questão minimamente relacionada com a medicina (um destes dias fui a uma massagem quiropática e demorei quase tanto tempo a preencher um questionário do género quanto estive deitada na maca a ser efectivamente massajada, por isso desta vez já nem estranhei tanto);

Décima dificuldade - perceber e explicar sintomas em inglês... E explicar medicamentos trazidos de PT...

Décima primeira dificuldade - após a consulta, o médico pergunta se quero medicamentos "com ou sem receita"(nesse momento estava eu a tentar perceber como será que funciona a cobertura do meu seguro em ambas as situações) - a coisa acaba por resolver-se de forma inesperadamente rápida, porque o médico acrescenta que os sem receita são menos agressivos e devem ser eficazes no caso em concreto;

Décima segunda dificuldade - o medicamento sem receita traduziu-se afinal num nome quase ilegível escrito pelo médico num post-it amarelo... Que eu, obviamente, não sabia onde comprar nem o que era exactamente...;

Décima terceira dificuldade - descobrir o medicamento em causa no supermercado/farmácia que me recomendaram, mesmo após as indicações da farmacêutica - corredor 10, ao fundo, lado esquerdo, prateleira de cima... Escusado será dizer que não fui muito bem sucedida... Tive de voltar a pedir ajuda... Para afinal descobrir que, como se não bastasse o nome do medicamento ser praticamente ilegível no raio do post-it, ainda por cima não era mais do que o nome do componente do medicamento e não do medicamento em causa (como se tudo isto fosse óbvio! Por essa altura já estava quase para matar alguém!).

Enfim... Depois de tudo isto, passei pelo escritório e comuniquei aos meus chefes que apenas sofro de uma virose normalíssima e que para prevenir males maiores vou trabalhar a partir de casa durante 1 dia ou 2, seguindo as recomendações do médico.

Ah, e ainda bem que, apesar de doente, não estou incapacitada para trabalhar a partir de casa, porque parece que neste maravilhoso mundo (laboral e social) americano, os empregados são por norma obrigados a tirar dias de férias quando ficam doentes... Facto que eu desconhecia por completo!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Um duro regresso à realidade

O principal tema que tem dominado as conversas (e parte dos noticiários) é, para não variar, o tempo em Chicago.

De facto, há um manancial de comentários que se podem fazer a propósito deste tema, porque claramente nada tem de monótono nem de previsível. Só para vos dar um exemplo...

- Saí de Lisboa no passado dia 1 e estavam, pela manhã, 8º graus (Celsius), temperatura, aliás, nada amena para a cidade em causa;

- Cheguei a Chicago passado cerca de 14 horas e o comentário do comandante do avião ao aterrarmos foi "Welcome to frizzing Chizago"... estavam cerca de 8º graus, mas desta vez medidos pela escala fahrenheit (i.e., uns 10 graus negativos);

- Na manhã seguinte a temperatura em Chicago era de zero graus fahrenheit, sem contar com o vento que se fazia sentir (pr'aí uns 15 graus negativos);

- No dia seguinte a temperatura começou a subir. Neste momento, as temperaturas já são positivas (Celsius) durante o dia e entre domingo e 2ª esperam-se temperaturas a rondar os 50 graus fahrenheit, ou seja, vou voltar aos 8º graus Celsius de Lisboa...;

Difícil de acompanhar, este raciocínio? :-)

PS - Agora que já "domino" a conversão dos celsius em fahrenheit, só me falta mesmo "dominar" o clima. Este fds vou ver se compro umas botas novas, que entretanto percebi que as minhas não são completamente impermeáveis à neve...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

E VIVA 2008!

Muitas foram as peripécias nestes dias festivos...

- Peripécias na viagem de ida (2 dias e meio para atravessar o Oceano Atlântico! Quase podia ter ido à Nova Zelândia visitar a minha colega!);

- Peripécias com as prendas de Natal - para além das minhas malas só terem chegado no dia 25 de manhã, ainda por cima andei a comprar brinquedos em Chicago sem me lembrar que a voltagem e as tomadas são diferentes em PT! Coisas de emigra, pois claro!;

- Peripécias na estadia - nada bate a "aventura" do incêndio de Telheiras (como fritar batatas pode tornar-se um pesadelo)... mas não pensem que a noite acabou por ali... depois do copo de leite para desintoxicar os pulmões ainda fizémos crepes de chocolate no microondas, lemos as cláusulas do contrato de seguro (para perceber se a nossa negligência estava ou não incluída na cobertura do contrato), tratámos da reportagem fotográfica para a posteridade (e para servir de prova) e trocámos prendas de Natal e de anos!...

Não deu tempo para tudo, mas foram dias animados.

E agora estou de regresso a Chicago (e à neve e ao frio... esta manhã estavam 11 graus NEGATIVOS!!! E eu vim a pé para o escritório!!!).