quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Super Tuesday

Alguns apontamentos breves sobre os desenvolvimentos de ontem das eleições presidenciais...

A famosa Super Tuesday nunca foi tão Super como ontem, quer pela expressão do números de Estados que foram a votos, quer pelos resultados obtidos.

Do lado dos republicanos, McCain era o mais que esperado vencedor da noite (com uma nomeação "certa" a partir de ontem, dizia-se) e, apesar de ter expressado a sua primazia na corrida, não deixa de ter sentido um travo amargo pela vitória inesperada do(s) seu(s) concorrente(s).

E, de facto, a surpresa republicana da noite chama-se Huckabee, que começou o seu discurso da noite (o primeiro dos candidatos a pronunciar-se nesta noite de eleições) a dizer "Toda a gente dizia que isto era uma corrida de 2 pessoas (McCain e Romney), e realmente é, e nós estamos nela".

E mérito lhe seja dado, por ter decidido manter-se na corrida até agora, praticamente sem fundos e quando ninguém lhe dava qualquer crédito, e ter sobressaído de forma absolutamente inesperada, abafando quase completamente o efeito Romney na noite de ontem (apesar de se ter mantido em 3º lugar).

Romney, o candidato que tem montada uma campanha milionária e que se pretende afirmar como a alternativa (ainda mais conservadora) a McCain, é o perdedor oficial destas primárias, apesar de ter mantido o segundo lugar.

Do lado dos democratas, Hillary venceu em Estados importantíssimos: Califórnia, o Estado com mais delegados para atribuir, Massachusetts, o Estado em que todos os respectivos pesos políticos democratas - John Kerry, Ted Kennedy - manifestaram o seu apoio a Obama; New York e New Jersey. E fez um discurso muito bom!

Foi uma das vencedoras da noite, ainda que nada esteja definido para já (a Hil e o Obama têm resultados extraordinariamente próximos) e a receptora dos votos "latino-americanos", o que foi, certamente, um bom sinal para a sua campanha. Campanha essa, diz-se, que irá ressentir-se nos próximos tempos se mais dinheiro não for urgentemente angariado, nomeadamente para "visibilidade" na tv (a campanha do Obama, por outro lado, é uma verdadeira "máquina" de angariação de dinheiro).

Obama, por sua vez, também não teve resultados nada maus - manteve o "seu" Estado de Illinois, onde se situa a maravilhosa cidade de Chicago, ganhou o Missouri, Estado fulcral nestas primárias, ganhou, aliás, a maioria dos Estados a concurso, se não me engano - mas perdeu um pouco do seu "momentum", como por aqui tem sido chamado o seu "fenómeno de massas". Talvez por isso o seu discurso não tenha sido propriamente de vitória...

Conclusões...

Do lado dos democratas, como se previa, estamos ainda longe de poder definir o candidato à presidência (as relações entre Obama e a Hil continuam extraordinariamente civilizadas);

Do lado dos republicanos, John McCain é cada vez mais certo, (apesar dos seus resultados, em termos de números alcançados, não serem fenomenais), uma vez que (i) ontem obteve vitórias importantes, nomeadamente na Califórnia, e porque (ii) a oposição está dividida entre Romney e Huckabee e, por isso, enfraquecida (e Huckabee, o detentor do 3º lugar, não é expectável que pretenda desistir a breve trecho da corrida para favorecer Romney, depois do inesperado impulso da noite de ontem).

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