terça-feira, 29 de junho de 2010

Casamento Judeu (Part II)

(cont.) A parte do copo-de-água também teve as suas diferenças.

A banda já estava estrategicamente colocada entre as mesas de jantar, e começou logo "a abrir o baile" (antes mesmo do jantar ser servido, portanto). Pelo meio, iam-se sucedendo as danças e os discursos: os padrinhos do noivo, o noivo, o pai da noiva (nada de discursos no feminino, portanto).

Finalmente, começou a ser servido o jantar - uma sala de alface bastante simples, um prato de bife com vegetais grelhados (a carne estava deliciosa) e um pequeno bolo de chocolate para cada um. Nada de escolhas múltiplas de pratos, nada de mesas com sobremesas várias, ou frutas, ou queijos. Refeição saborosa, mas simples (que é como quem diz, "pobre").

E também nada de bolo de casamento - reza a tradição que os judeus, depois de um prato de carne, não podem beber leite (nem com o café, como os americanos tanto gostam) nem comer nada que tenha sido feito com derivados do leite (natas, queijo, etc.).

Quando o jantar acabou, dediquei-me à parte da dança (primeiro enche-se a barriga e depois trata-se do resto!). Por isso, qual não foi o meu espanto quando, nem 2 horas depois, a banda deu por terminada a sua actuação. Ou seja, a cerimónia propriamente dita começou depois das 6h da tarde e a banda acabou de tocar às 11h15 da noite, dando por encerrada a festa...! E não, não havia outra banda nem um DJ depois... foi mesmo o fim oficial da festa. Foi, de longe, o casamento mais curto em que alguma vez estive!

Escusado será dizer que, quando a banda começou a arrumar os instrumentos, ainda havia muita gente no auge da noite (eu acho que até os avós da noiva ainda por lá andavam!), pelo que o noivo decidiu convidar toda a gente para continuar a festa na suite presidencial que o hotel tinha posto à disposição dos noivos.

A partir daí, foi tudo surreal: havia música e MUITA bebida, mas não se fez nada de especial - uns sentados no sofá, outros sentados no chão, lá íamos todos conversando aqui e ali como se aquela não fosse a noite de núpcias do casal. A noiva despiu o vestido e vestiu o pijama, e até se enfiou na cama, a uma certa altura, à conversa com meia dúzia de amigos que estavam espalhados pelo quarto, incluindo aos pés da cama.

Viu-se televisão, encomendou-se uma pizza (pudera, depois daquela fartura de jantar!), "jogou-se conversa fora", dormiu-se no sofá e, finalmente, quando já estava tudo rebentado - o noivo mal se conseguia levantar do sofá, a noiva já quase dormia debaixo dos lençóis, e a "festa na suite" já durava há tanto tempo quanto a "festa oficial" - os convidados decidiram regressar às suas casas e dormir 2 ou 3 horas antes do jogo de Portugal contra a Coreia do Norte.

PS - É provável que eu tenha sido a única a acordar para ver o jogo, mas valeu bem a pena!

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