terça-feira, 17 de junho de 2008

Americanices

Por altura de receber as segundas visitas – desta vez, o meu pai e uns amigos da família – lá fui confrontada com alguns sinais de “integração” no american way of life, desde a adaptação aos novos sinais luminosos para peões (entre a luz verde e a luz vermelha há um estado intermédio que, hoje em dia, já consigo calcular com algum grau de certeza, mas não foi fácil convencer o meu pai a confiar nisso), à quantidade enorme de comida em cada prato de restaurante (vá lá, ainda acho isso um desperdício, mas já estou bem mais habituada), passando pelos arranha-céus de mais de 50 andares (banalíssimo, hoje em dia) e os luxos dos prédios residenciais (piscina, ginásio... tudo gratuito).

Mas nada perturba mais o sistema de um lusitano do que o sistema das gorjetas na América!

Primeiro que tudo, há que aprender o costume em cada ramo de negócio, a fim de perceber qual a percentagem razoável de gorjeta que se deve deixar (cabeleireiros é 20%, restaurantes é entre 15% e 20%, táxis depende do valor em causa, guias turísticos é 2 ou 3 dólares por casal/pequeno grupo, nos bares é comum deixar 1 dólar por cada bebida pedida...), tarefa já de si nada fácil para quem se está a estrear neste “negócio” de viajar para os States.

Depois, há que vencer a ideia de que a gorjeta é apenas devida quando o serviço prestado é muito bom e merece ser recompensado - horas e horas já perdi eu a tentar explicar a quem me vem visitar que a gorjeta por cá é vista como uma parte integrante do preço, e que então se pode, dentro de uma margem aceitável, escolher dar uma percentagem maior ou menor em função de se ter ficado, ou não, particularmente agradado com o serviço em causa.

E nestas pequenas coisas se vê como a cultura do país que escolhemos para viver se vai, lentamente, imiscuindo em nós.

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