Palin vs Biden

Num dia de atenções centradas em Obama e McCain, não queria deixar passar a oportunidade de tecer breves comentários ao debate Sarah Palin vs Joe Biden da semana passada.

Primeiro que tudo, é interessante ver como tanta celeuma e tantas expectativas se geraram à volta de ambos e do debate - para dar um exemplo que, obviamente, vale o que vale, houve imensa gente que trabalha comigo que não quis perder pitada do acontecimento e foi saindo discretamente mais cedo do evento social que a empresa organizou naquela tarde / noite (uma caça ao tesouro dedicada aos anos 80, com muitos comes e bebes, como já vem sendo apanágio...) para ir para casa assistir ao debate (se tivesse sido um dia normal, nem pensar que alguém arredaria pé àquelas horas!).

E quem assistiu ao debate não ficou desiludido (a não ser que quisesse ver sangue, o que também era uma hipótese que estava em cima da mesa...), pois o desempenho de ambos excedeu as expectativas de todos (apesar da Palin se ter esquivado a responder directamente às perguntas...).

Ela falou ao coração do "homem médio" americano (num país deste tamanho e com tantas diferenças, tenho as minhas dúvidas que este conceito não seja completamente esvaziado de conteúdo...) - aproveitou para falar da sua experiência enquanto governadora do Alasca (uma atitude muito inteligente), reforçou a sua mais-valia na área do ambiente, as suas convicções morais-religiosas-familiares e a sua aposta nas ideias de McCain. Tinha a lição bem estudada e usou e abusou dos "chavões" decorados.

Biden falou enquanto político (insider de Washington mas não seguidista), apresentou factos concretos do desempenho de McCain no Senado (nunca percebi bem o impacto real de se estar para ali a referir que determinado candidato votou 50 vezes contra isto e 33 contra aquilo, e ninguém sabe muito bem em que consistiam as propostas em causa), mostrou-se seguro do seu apoio a Obama e crente do movimento que representa.

Biden foi unanimemente considerado o vencedor do debate (apesar da Palin ter superado todas as expectativas) e, por isso, devolveu a bola a Obama para, esta noite, prosseguir esta dinâmica vencedora.