E foi desta!
Foi desta que a reforma do sistema de saúde americano foi aprovada, depois de muitos adiamentos, discussões e artimanhas (a última das coisas foi fazer aprovar a lei sem a mesma ter ido a votação, já que não estavam reunidos os votos necessários para se conseguir a sua aprovação).
Confesso que tenho alguma curiosidade em perceber as principais diferenças entre a proposta inicial da administração Obama e a lei que foi ontem aprovada - muita coisa ficou pelo caminho numa tentativa de procurar o consenso entre democratas e republicanos, sob pena de tudo ficar, uma vez mais, na mesma.
Certo é que as seguradoras vão ver a sua acção reduzida no âmbito da nova lei - por ex, vão deixar de poder recusar seguro de saúde a quem tem certos antecedentes médicos (e não estamos a falar de doenças gravíssimas, que justificassem a recusa - basta sofrer de alergias sazonais para, actualmente, se poder ver negado o direito a um seguro de saúde!) e vão sofrer mais restrições na fixação dos montantes das apólices, apesar de poderem compensar tal inconveniente com o facto de passarem a ter mais clientes (inclusive, uma das medidas a ser implementada daqui a uns 3 ou 4 anos é a possibilidade de aplicação de multas a quem não tiver seguro de saúde).
Os registos médicos dos pacientes, por outro lado, vão ser centralizados / controlados (?) a nível federal, por forma a também tentar combater o excesso de exames desnecessários (com custos elevados) pedidos pelos médicos.
Curiosamente, apesar de todas estas medidas me parecerem justas (e só pecam pela sua tardia implementação), 2 dos principais cavalos de batalha dos republicanos são, precisamente, o facto do governo passar a ter acesso à informação confidencial do cadastro médico de cada um de nós (Meu Deus, que tragédia!) e o facto de a nova lei implementar a obrigatoriedade do seguro de saúde - o que viola a liberdade de escolha de cada um, dizem, porque quem não pretende ter seguro de saúde não pode ser obrigado a tal! (sempre gostava de saber quantas pessoas quererão ser abrangidas por este "direito" de abdicar de ter um seguro de saúde, num país em que qualquer doença da treta deixa o orçamento familiar à beira da ruptura).
Apesar da aprovação da reforma, a história não acaba aqui - os republicanos continuam a tentar fazer aprovar alterações à lei, alguns políticos democratas (e respectivas famílias) estão sob ameaça (os últimos dias têm sido especialmente tensos, dentro e fora do Parlamento), alguns procuradores gerais já vieram dizer que se preparam para pedir a inconstitucionalidade da lei, etc.
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1 comentário:
Custa acreditar que só agora é que essa lei foi aprovada. Não estando dentro do tema, parece-me que os argumentos republicanos padecem daquele mal que é o estar do contra, custe o que custar. Que o governo tenha acesso aos ficheiros de saúde do cidadão é um problema, mas que as empresas privadas (seguradoras, por exemplo) acedam a esses ficheiros e usem essa informação já não é um problema?
Valha-nos uma dose extra de paciência...
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